O projeto reforça as cadeias de valor da baunilha, do alho e do ylang-ylang na União das Comores
Originalmente publicado no ITC News
Três sociedades cooperativas das Comores obtiveram um financiamento comercial no valor de mais de 400.000 dólares para a colheita e exportação de baunilha e alho, graças a um projeto conjunto do Centro Internacional de Comércio (CCI) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os empréstimos demonstram de que forma montantes modestos podem fazer uma diferença significativa na capacidade das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) exportarem de forma competitiva. O financiamento foi conseguido através de um projeto do Quadro Integrado Reforçado (QIR) que procura ligar as três principais culturas de rendimento das Comores às cadeias de valor globais.
Desde 2014 que o CCI tem prestado assistência às partes interessadas da cadeia de valor da baunilha, do alho e do ylang-ylang no sentido de se organizarem em 11 sociedades cooperativas nas três ilhas do oceano Índico das Comores: Grande Comore, Anjouan e Mohéli. Yaya Ouattara, Consultor de Acesso ao Financiamento e Investimento do CCI, declarou: “Uma estrutura de sociedade cooperativa dissemina os riscos e os rendimentos pelos seus membros, além de facilitar o seu acesso ao financiamento. Reforça também a sua capacidade de produção, o que os torna mais atrativos para os compradores internacionais”.
Os agricultores e as MPME que atuam nas cadeias de valor da baunilha, do alho e do ylang-ylang enfrentam elevados custos de transação e uma ausência de informações corretas sobre os mercados. Além disso, geralmente possuem garantias limitadas para empréstimos. Com o financiamento disponível limitado aos fundos gerados internamente, empréstimos de familiares e amigos ou créditos com altas taxas de juro de prestamistas, os operadores nos três setores não estavam aptos a ampliar a produção e investir na melhoria da qualidade dos seus produtos. Para ultrapassar estas limitações e reduzir os riscos de incumprimento percecionados pelos bancos, o CCI tem trabalhado com bancos, produtores e empresas transformadoras para melhorar a organização, os perfis de crédito, os procedimentos de avaliação do risco e o conhecimento dos instrumentos financeiros disponíveis.
“Este projeto está a alcançar resultados notáveis. Esta foi a primeira vez que um banco comercial (o Banque pour l'Industrie et le Commerce, ou BIC) concedeu empréstimos a agricultores nas Comores. Somente as cooperativas de crédito, Meck e Sanduk, têm financiado o setor da agricultura até ao momento. O projeto provou que os agricultores podem atrair investimento quando fazem parte de sociedades cooperativas com garantias mútuas e orientação adequada em gestão empresarial e financeira”, declarou Emma Ngouan-Anoh, Representante Residente Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nas Comores.
“Aprovámos um pedido de empréstimo de 64 milhões de francos das Comores (155.407 dólares) a uma taxa de juro de 8% à sociedade cooperativa de alho KARANFOU NDJEMA. Este financiamento destina-se à colheita do equivalente a 22 toneladas de alho para exportação. Se o projeto-piloto for bem-sucedido, o BIC Anjouan terá todo o prazer em disponibilizar, em poucos meses, o montante total de quatro milhões de dólares solicitados pela sociedade cooperativa para adquirir 55 contentores, ou 605 toneladas, de alho para exportação”, afirmou Housnat Mdjassiri, Diretor-Geral do BIC Anjouan, a filial local do BNP Paribas.
O CCI facilitou os acordos contratuais entre as cooperativas e as instituições financeiras. As cooperativas de crédito Meck e Sanduk concordaram em disponibilizar empréstimos a uma taxa de juro mais baixa, de 8% ao ano, levando em conta o trabalho que um grupo de Consultores de Gestão Financeira formados pelo CCI realizou com os transformadores e os agricultores seus fornecedores para reduzir riscos e melhorar a manutenção de registos. Enquanto parte do projeto, o CCI formou em 2016 seis Consultores de Gestão Financeira para ajudar as cooperativas a avaliarem a sua capacidade de endividamento, elaborarem balanços, apresentarem planos de negócios e abordarem instituições financeiras. Os consultores oferecem também orientação pós-financiamento, trabalhando com beneficiários de empréstimos no sentido de melhorar as suas capacidades técnicas e de gestão e elaborando relatórios sobre a utilização dos fundos. Como resultado, os Consultores de Gestão Financeira mitigam os riscos de financiamento iniciais, encorajando assim as instituições financeiras a conceder empréstimos às MPME (e a taxas mais acessíveis).
“Sempre tive receio da dívida e do setor bancário, já que não compreendo as exigências dos bancos, bem como os produtos disponíveis para os produtores de ylang-ylang e destiladores como eu. Todos os membros da nossa sociedade cooperativa acreditam que este projeto irá mudar a perspetiva dos bancos sobre o setor da agricultura e, consequentemente, abrir as portas ao financiamento”, declarou Nafouanti Daroussi, um produtor e destilador de ylang-ylang e membro da sociedade cooperativa Producteurs Distillateurs et Exportateurs des Huilles Essentielles de Mohéli (COOPDEHEM), na Ilha de Mohéli.
O projeto do QIR também facilitou o estabelecimento do Gabinete Nacional da Baunilha, que foi inaugurado em junho de 2017 pelo Presidente das Comores, Azali Assoumani. O Gabinete Nacional funcionará como organismo de regulação e governação do setor da baunilha, que o presidente descreveu como a espinha dorsal do desenvolvimento do país. Presentemente, prevê-se que o projeto termine em dezembro de 2017, após prestar ajuda a 11 sociedades cooperativas no alcance de acréscimo de valor local sustentável e fornecimento direto de produtos naturais de alta qualidade aos mercados internacionais.
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