Os agricultores e as MPME que atuam nas cadeias de valor da baunilha, do alho e do ylang-ylang enfrentam elevados custos de transação e uma ausência de informações corretas sobre os mercados. Além disso, geralmente possuem garantias limitadas para empréstimos. Com o financiamento disponível limitado aos fundos gerados internamente, empréstimos de familiares e amigos ou créditos com altas taxas de juro de prestamistas, os operadores nos três setores não estavam aptos a ampliar a produção e investir na melhoria da qualidade dos seus produtos. Para ultrapassar estas limitações e reduzir os riscos de incumprimento percecionados pelos bancos, o CCI tem trabalhado com bancos, produtores e empresas transformadoras para melhorar a organização, os perfis de crédito, os procedimentos de avaliação do risco e o conhecimento dos instrumentos financeiros disponíveis.
“Este projeto está a alcançar resultados notáveis. Esta foi a primeira vez que um banco comercial (o Banque pour l'Industrie et le Commerce, ou BIC) concedeu empréstimos a agricultores nas Comores. Somente as cooperativas de crédito, Meck e Sanduk, têm financiado o setor da agricultura até ao momento. O projeto provou que os agricultores podem atrair investimento quando fazem parte de sociedades cooperativas com garantias mútuas e orientação adequada em gestão empresarial e financeira”, declarou Emma Ngouan-Anoh, Representante Residente Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nas Comores.
“Aprovámos um pedido de empréstimo de 64 milhões de francos das Comores (155.407 dólares) a uma taxa de juro de 8% à sociedade cooperativa de alho KARANFOU NDJEMA. Este financiamento destina-se à colheita do equivalente a 22 toneladas de alho para exportação. Se o projeto-piloto for bem-sucedido, o BIC Anjouan terá todo o prazer em disponibilizar, em poucos meses, o montante total de quatro milhões de dólares solicitados pela sociedade cooperativa para adquirir 55 contentores, ou 605 toneladas, de alho para exportação”, afirmou Housnat Mdjassiri, Diretor-Geral do BIC Anjouan, a filial local do BNP Paribas.
O CCI facilitou os acordos contratuais entre as cooperativas e as instituições financeiras. As cooperativas de crédito Meck e Sanduk concordaram em disponibilizar empréstimos a uma taxa de juro mais baixa, de 8% ao ano, levando em conta o trabalho que um grupo de Consultores de Gestão Financeira formados pelo CCI realizou com os transformadores e os agricultores seus fornecedores para reduzir riscos e melhorar a manutenção de registos. Enquanto parte do projeto, o CCI formou em 2016 seis Consultores de Gestão Financeira para ajudar as cooperativas a avaliarem a sua capacidade de endividamento, elaborarem balanços, apresentarem planos de negócios e abordarem instituições financeiras. Os consultores oferecem também orientação pós-financiamento, trabalhando com beneficiários de empréstimos no sentido de melhorar as suas capacidades técnicas e de gestão e elaborando relatórios sobre a utilização dos fundos. Como resultado, os Consultores de Gestão Financeira mitigam os riscos de financiamento iniciais, encorajando assim as instituições financeiras a conceder empréstimos às MPME (e a taxas mais acessíveis).