O setor do caju do Burquina Faso foi remodelado num esforço considerado de prioridade nacional
Investigação e desenvolvimento para este artigo disponibilizados por Hang T. T. Tran, Coordenadora Principal do Secretariado Executivo do QIR.
O setor do caju do Burquina Faso está a atravessar uma remodelação drástica.
Desde a reorganização que teve lugar em 2015 por intermédio de uma associação interprofissional designada por Comité interprofessionnel de l’anacarde du Burkina (CIA-B) – apoiada pelos parceiros de desenvolvimento, o setor privado e os esforços do governo –, o setor está agora numa fase de crescimento e de otimização.
Antes desta iniciativa, as 10 fábricas de caju deste país africano conseguiam transformar apenas 2,6% da sua capacidade. O setor enfrentava a concorrência de um “mercado negro” que exportou todo o caju cru do país nesse ano, deixando as jovens fábricas sem material com o qual trabalhar, refere Hang Tran, da equipa de coordenadores principais do Quadro Integrado Reforçado (QIR) da Organização Mundial do Comércio. Outros países africanos, como a Costa do Marfim, enfrentaram dificuldades semelhantes.
Esta iniciativa interprofissional reuniu agentes que trabalharam em conjunto ao longo de toda a cadeia de valor, desde a transformação à comercialização. Liga fornecedores qualificados de matéria-prima ao mercado internacional, ao mesmo tempo que reforça as capacidades de um conjunto de “unidades de transformação” em regime piloto e que dá formação a membros do setor sobre as melhores práticas de fabrico e modos de cumprimento das normas.
Setor importante no país, a transformação de caju cru cria empregos e permite que o produto possa ser exportado por um preço mais alto, proporcionando rendimentos mais altos a agricultores, transformadores e exportadores. Um Estudo de Diagnóstico sobre a Integração do Comércio (EDIC) do QIR comprova estes dados. O Governo do Burquina Faso elegeu a indústria do caju como setor de prioridade nacional.
Durante uma entrevista com o Diretor Executivo do Secretariado Executivo do QIR em Buenos Aires, à margem da Conferência Ministerial da OMC, o Ministro do Comércio, da Indústria e do Artesanato do Burquina Faso, Stéphane Wenceslas Sanou, afirmou que o seu país pretende duplicar a sua produção de caju até 2020 tendo em vista a contribuição do setor para a melhoria dos rendimentos e criação de empregos.
À medida que a procura mundial de caju cresce, especialmente na Índia e na China, os nossos agricultores, transformadores e exportadores de caju têm de estar aptos a tirar proveito dos benefícios. Mas o setor foi fragmentado entre a produção, a transformação e a comercialização, afirma o Sr. Paulin Zambelongo, Coordenador da Unidade Nacional de Implementação do QIR (UNI) no Ministério do Comércio do Burquina Faso. “Embora a exportação de caju cru também gere empregos e rendimentos, o aumento da capacidade de transformação do Burquina Faso contribui para elevar a prosperidade da indústria transformadora no país”.
Foi com base neste pressuposto que os principais agentes decidiram colaborar, com o apoio técnico e financeiro de vários parceiros e do governo, para reforçar as ligações ao longo da cadeia de valor e aumentar as contribuições do setor para a economia do Burquina Faso.